No bocado de lixo que o gari Francisco Carlos Fernandes varria na última segunda-feira à tarde na Praça Saens Peña, na Tijuca, havia algumas guimbas de cigarro e muitas folhas de árvore. Nem de longe lembrava os montes de papel e plástico que, segundo ele, costumava recolher há algum tempo. Perguntado a que atribuía a mudança, ele sequer vacilou: ao programa Lixo Zero, que completa dois anos no próximo dia 20. Desde o seu primeiro dia até a última quinta-feira, os fiscais do município aplicaram 112.228 multas. Em média, 155,2 pessoas foram flagradas por dia sujando a cidade. É bem verdade que mais da metade (64.342, ou 57% delas) ainda não foi paga. Do total de multas aplicadas nesses dois anos, 80% foram devido a descarte de pequenos resíduos, como pontas de cigarro, pedaços de papel ou copinhos plásticos. A companhia não tem dados, porém, sobre a quantidade exata de redução da sujeira. Mas um indicativo pode estar na Avenida Rio Branco: se antes os garis precisavam varrê-la seis vezes por dia, depois do Lixo Zero, bastam três varrições. É justamente o Centro - primeiro lugar onde o programa foi implantado, em 20 de agosto de 2013 - o campeão de multas, segundo a Comlurb. Em quase dois anos, foram 44.920 infrações, à frente de Copacabana (14.261), Ipanema (9.323), Leblon (7.248), Botafogo (6.738), Madureira (5.058), Tijuca (2.887) e Méier (2.566), num universo de 128 bairros incluídos nas ações do Lixo Zero, sendo 23 com fiscalização permanente. A Comlurb, que esta semana divulgará o resultado dos dois anos de Lixo Zero, alerta que quem não pagou as multas pode ter tido o nome incluído no SPC ou no Serasa. De agosto de 2013 ao mesmo mês de 2014, 21 mil pessoas foram inscritas nesses serviços. Até agora, ninguém teve o débito incluído na Dívida Ativa do município. Somadas todas as autuações do Lixo Zero nesses dois anos, o montante devido à prefeitura chega a mais de R$ 7,3 milhões.
Fonte - Jornal O Globo
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