Nos finais de semana, a programação dificilmente ultrapassa os limites de Piabetá. É ali, no distrito de Magé, na Baixada Fluminense, que Jaime Gouveia passeia com a família e vai ao churrasco dos amigos. Apesar do jeito expansivo, ele prefere não falar sobre seu trabalho até mesmo para os mais chegados. Entre os vizinhos, contam-se nos dedos os que sabem o que ele faz de segunda a sexta. Há duas décadas, ele bate ponto no São João Batista, em Botafogo. Primeiro, como capeleiro; depois, como carreteiro. A curiosidade pelos famosos enterrados ali, como os compositores Ary Barroso e Bezerra da Silva, o pintor Cândido Portinari e o escritor Carlos Drummond de Andrade, levou Jaime de volta aos estudos. No fim do ano, ele termina a faculdade de História, feito que já lhe garantiu cargo novo: monitor das visitas guiadas que começam na próxima quinta-feira. Além dos tours pela aleias e sepulturas, o cemitério ganha, no início do mês que vem, uma sinalização especial com QR codes impressos em placas de aço nos jazigos de cerca de cem personalidades de diferentes áreas, como teatro, política e música. Os códigos de barras dimensionais, que podem ser escaneados por celulares e tablets com internet, darão acesso a informações detalhadas, incluindo fotos e vídeos, exatamente como outras experiências já bem-sucedidas nos Estados Unidos e Japão. Os passeios pelo cemitério de Botafogo serão gratuitos, com duração de até três horas e acontecerão mensalmente depois de agendamento prévio por e-mail ou telefone. As datas serão divulgadas no site do São João Batista e os grupos terão até cem participantes e serão guiados pelo historiador Milton Teixeira, um dos precursores no turismo cemiterial na cidade.
Fonte - Jornal O Globo
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