A manhã na Baía de Guanabara começou com cara de ressaca. Por volta das 7h, um bote inflável movido a motor deixou um clube da Ilha do Governador com dois biólogos da Uerj a bordo. Depois de uma parada rápida na Marina da Glória, a embarcação seguiu em direção ao lado oposto, vencendo as ondas da Boca da Barra. Em apenas meia hora, sem qualquer pista, a equipe, já próxima à Fortaleza de Santa Cruz, encontrou o que buscava: um grupo de cerca de 40 golfinhos-de-dentes-rugosos, que se tornou a mais nova (e bela) surpresa da tão maltratada Baía de Guanabara. Entre os animais, há um filhote recém-nascido, sempre ao lado da mãe. Tão simpáticos quanto “Flipper”, o golfinho que protagonizava uma série nos anos 1960, alguns animais cercaram a embarcação e colocaram suas cabeças para fora, curiosos. Num certo momento, um deles brincou com o lixo flutuante — jogou para o alto uma embalagem de margarina, como se estivesse fazendo embaixadinha. Neste outono, a Baía dá demonstrações de que, mesmo agonizante e praticamente abandonada à própria sorte pelo estado em crise, continua viva. A presença desses golfinhos (da espécie Steno bredanensis, seu nome científico) numa frequência quase que diária é algo completamente atípico. O fenômeno inusitado se completa com o fato de o mesmo grupo explorar áreas cada vez mais distantes da entrada da Baía, como a Ponte Rio-Niterói.
Fonte - Jornal Extra
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